- Olá pessoal das (sic) internet!!! Tudo bem poraí? Pessoal ai de casa, tod'mundo bem? Que beleza então. ;) Me divirto com pouco, permutando entre níveis de linguagem característicos de universos intencionalmente distantes em ambos fatores culturais: léxico e gramático. Pois de universos de linguagem tenho, metarquivo, o que contar. Metafísica da Baqueta é um poeminha, que um poetinho faz quando não está poetando mais nada. Poes vamos lá.
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METAFÍSICA DA BAQUETA
Universo é a Baqueta, e Ela apenas há
nela age Deus, e sua Magnífica Mão
controlando de dentro para fora a divina rotação
há forças Naturais, dentre as quais Gravidade
no sinuoso Movimento a Aceleração faz Forma
ao balanço do Tempo, há Música constante
sobe e desce, Ela, esgueirando-se por entre os dedos de Deus
faz Forma em Tempo que é Dança
aventurando-se em uma quarta dimensão
o único Ser Conciente reina em Concentração
e só a Grave realidade, a esta, prevalece
padecendo a Magnificência à Natureza do Solo
toca o Solo, estridente, aguda Baqueta
tilintar ensurdecedor que quebra o encanto
cala a Música, exigue o Deus que só vaga a Mão
cessão-se as Danças e Rotações
até que Deus tenha denovo o Universo em suas Mãos
ele retorna a suas obrigações.
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Sentei minha bunda nesta cadeira em retorno ansioso ao computador. Vinha eu desde a cozinha, onde há café. O retorno motivou-se pelo recobro da outrora iniciada (e por hora já concluída, presumi) torrente de dados que aportaria em meu tranqüilo cliente de navegar na rede.
Pois qual minha triste surpresa se não perceber que nada era concluído. "Oh, que puxa vida!" exclamei eu em tom irono-eufêmico. Que faria de meu tempo até o desfecho dramático e derradeiro do aporte de dados daquela torrente.
Força.Tarefa.S01.E03.TVRip.byACMB.avi era importante para mim. Fora incapaz de alcançar um televisor no momento em que foi aerado em prime time. Uma incapacidade devida ao de meu intencional afastamento dos tubos e telas. Não é que creia eu que mal a tecnologia faça poder (poça father, possa foder ou possa fazer), sendo mais feito a crer em poder feito por quem mais tecnologia têm (what ever). Escolho eu! Alieno-me às pautas de quem edita. 'Ao que é pop', - talvez diga você -, digo eu. E é bem verdade. Mas que privilégio tenho eu pois que tenho acesso ao querer frente eles que veem apenas aquilo que lhes mostram! É como dizer: Editarei eu próprio, pois, o que leio. Que natural soaria. Não era o caso, contudo do conteúdo desta torrente aguardada, a quem coube editar um profissional do ramo.
Já estava sentado à cadeira, lápis e caneta repousavam sobre o tampo de vidro. Sentado frente a mim só ela, toda prancheta, abraçada em alvo papel seduziu-me o punho garrancheador. Até me gusta dar vazão a letra-gesto, me ritima a mente, tona o lápis.
Agarrei-o com firmeza precedida de um leve e sutil "golpe de pinça", preciso, perfeito e graciosamente, engrenado a um subseqüente aterramento suave. O cinza grafite toca o branco do papel usado com texto do outro lado. Que prazer o ruido do lápis marcando o papel, e ele por mim escreveu: "Metafísica".
Capturei-me a pensar um instante após o incidente do lápis. Era assim posto que ficara trancado naquela metafísica. Meu universo mágico havia se desfeito. Aquele momento particular, perfeito, quando de mim sairiam as mais belas palavras já ditas aos ouvidos humanos, desandou como um bolo. Que miséria era a minha. Não tinha mais aquele brilho, aquela magnificência. Minha torrente não chegara ainda.
Empapado de desesperança reclino o corpo na cadeira e o peso nos ombros. Uma curta girada na cadeira com a cabeça firmemente no encosto apoiada. Lá estava ela. Quietinha e já bem mimetizada ao ambiente. Repousando entre fio de fone de ouvido, papeis e moedas, no platô, posto ao cume da bancada ao lado, a Baqueta.
Reparo nela por um instante. Onde estaria ela, estaria ela já girando em relação a algo que não nos é comum? Como vou traze-la ao meu domínio para que gravite em minha mão?
Saco-a com o mesmo golpe que usei para capturar o lápis. Como de costume a aproximação oportunista transcorre sem maiores transtornos. Como seqüencia a este golpe costumo evoluir para uma posição estática que enfatize a velocidade e precisão do "golpe de pinça". Desta vez teve que ser diferente. A Baqueta é de natureza fugaz e traiçoeira. Precisava desviar sua energia selvagem para a perfeição do movimento revolucinário. Fiz com que subisse em minha mão. Chegou desacelerando, como que aguardando mais uma resposta, como cão pedindo aprovação. Era minha Baqueta, agora podia perceber.
Rapidamente ingresso-a em uma rotina de evoluções. A Baqueta passa e ficar previsível, progressivamente mais controlável. Agora eu domino a Baqueta. Eu sou a Baqueta, em pli.
Um ruído abrupto me captura, e, não fosse mecanizado o movimento do único astro daquele universo em formação, ele teria acabado. Onda após onda as freqüencias da evolução astral no universo parecem começar a ressoar aquilo que agora já reconheço como música. Era a abertura do vídeo contido na famigerada torrente. Nunca acontece. Nunca automaticamente meu universo estaria sem ou existiria sem música. Mas nunca ocorrera de automaticamente estar pleno, e com música. Pelos segundos que durou, aquela música era a divina forma do universo da Banqueta, e seu único astro em dança cósmica oscilava de forma magistral.
O volume do universo subitamente se reduz. O coração sabe que é chegada a hora. A música cessa. Em um derradeiro movimento, aqui apresentado em câmera lenta, se desenrola a desconexão cabal entre divindade e criatura. Em ambos universos morrem deuses. No universo da Baqueta, quando a criatura não mais esta em contato com o criador, o mais drástico acontece. O Universo não mais é.
Em outra cena, que também pode ser vista em câmera lenta, a Baqueta baila solene rasgando o fluido ar em seu mergulho final. Seu caminho é fatal, seu futuro infelizmente previsível.
O primeiro contato com o chão talvez seja o mais doloroso para um ex-deus no universo da Baqueta. Ela corta e perfura aquele deus cheio de si. Rompido, ele não mais pode conter-se em si próprio e expele sua divindade em seu último magistral suspiro. O corpo reaparece, e os ombros pesam sícronos àquele suspiro.
Hora de rodar mais uma vez a roda, digo, cadeira da fortuna. Aliás está passando o aguardado e originador causal audiovisual de origem torrêntica. Cheia de luz e sombra a seqüencia de imagens que sucede em meu monitor é palida frente ao brilho da alva folha de papel. Ela tem escrito, lá, bem no topo da folha, METAFÍSICA DA BAQUETA.
Vejam vocês: se tivesse mais cuidado ao ler o que escrevo talvez não tivesse devaneios madrugais em momentos cotidianos de aguardo por torrentes e fabrico de café. Aliás, que cheiro agradável este que invade meu quarto. É de café. É cheiro de café-que-já-ficou-pronto-ali-na-cozinha. Preciso me levantar agora, é pena. Mas essas coisas são da vida, como as baquetas que caem no chão, ou as palavra que caem no papel.
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Ditado e não lido por Adrian Neuhaus em um domingo, o terceiro dia do mês de maio daquele 2009 à exatas cinco horas e quarenta e sete minutos, e centavos acima descritos.
Nota de Esclarecimento:
Venho através desta nota fazer saber, aos mui dignos leitores desta publicação na Nossa Grande Rede, que o presente texto foi concebido sob severo efeito de café. Quaisquer disposições em contrário perdem o valor. Foi com imensa satisfação que em idos do mês passado perfiz a leitura de-cabo-a-rabial deste espaço de mentes livres que é o Pensatta. Pude nele, me ver. Mas não só, também me reportar a locais, conversas, idéias e pessoas com quem/onde/quando - e à cargo estive/mencionei/ouvi falar. Finalmente alegro me em reportar a vós que é com plenitude que me empolgo em retomar publicações neste distinto espaço, e,se não faltar tempo, nem café, ouçai-me-hás MetaArquiVocabular por cá em breves lacunas de tempo.
Atenciosamente,
Adriano von Neu Haus MacHado
3.5.09
Metarquivando Pensamentos Propositalmente Espontâneos de Sandice
Por
Neuhaus, Adrian
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Bravo!
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