7.4.09

Bah, que música tri!

A maioria dos jingles publicitários se resume a uma musiquinha chata o bastante para ficar gravada no nosso cérebro. Quase sempre o encaixe das informações do anunciante com a melodia e o ritmo são bastante forçados e não parecem fluir com naturalidade.

Mas vez ou outra, surge um clássico. Desde o final de 2007, não tem campanha melhor do que a de assinaturas da Zero Hora. Dá de dez a zero até mesmo nas milionárias campanhas da Coca-Cola, que sempre apresenta bons jingles.

A campanha da ZH, assinada pela Escala, é genial nos mais diversos níveis. Pra começar a música é realmente muito boa. O ritmo é empolgante, vai criando um clima crescente até explodir com "então ASSINA a zero hora...". Além disso, mexe forte com nosso orgulho gaúcho, utilizando chavões populares que só a gente tem, além do tradicional sotaque castelhano.

Os personagens também são muito simpáticos. Os bixinhos dos vídeos da campanha parecem aqueles toyart feitos de papel cartão. E cada jingle fecha perfeitamente com o comentário do polvinho, que reproduz, na verdade, aquilo que todo mundo pensa quando escuta o jingle: "Ah que musica tri!"; "Bah, se puxô em?" e por aí vai.

A agência desenvolveu uma letra especial para o jingle de cada estação ou momento.
Verão, final do verão, inverno, semana farroupilha, olimpíadas. E cada jingle também tem um vídeo, que é a versão da propaganda que passa na RBS TV. Vale a pena prestar atenção nos detalhes e nas referências que aparecem nos vídeos, tanto aos hábitos gaúchos (como comer bergamota no solzinho de inverno) quanto a clássicos do cinema e da música (abbey road e cantando na chuva, pra citar alguns).

Abaixo, apresento uma coletânea de todos eles, divirta-se gauchada!

Verão:


Final do Verão:


Iverno:


Semana Farroupilha:


Olimpíadas de Pequim:


Videokê (pra cantar junto, genial):


Teaser do Verão 2009:


Coisa boa quando aparece uma campanha desse tipo. Dá pra perceber que houve interesse e provavelmente muita diversão e satisfação no processo. Não foi uma campanha só pra ter uma musiquinha qualquer, foi algo muito bem planejado para cativar o gaúcho. A mim, cativou muito. Me dá mais orgulho de ser gaúcho e, inevitavelmente, passei a admirar mais ainda a Zero Hora. Parabéns a todos que criaram essas vinhetas geniais.

Bah, se puxaram tchê!

6.4.09

Redinaldo

Redinaldo corria como uma garça feliz todo dia na favela da cabrita.
Descia o morro com pernas finas e ossudas, pés no chão, calçãozinho de futebol e sem camisa, as costelas aparecendo e um gogó proeminente.

Sempre um sorriso no rosto. Dentes grandes e perfeitos, cavalares, brotando pra fora de uma cara ossuda e olhos arregalados.

Redinaldo parecia um corredor da Etiópia. O sorriso de Redinaldo escondia algum sofrimento muito grande. Não que isso fosse óbvio. Era um sorriso, afinal.
"Lá vai o Redinaldo!" Todo mundo gostava dele. Pagava sempre amanhã no bar da esquina. Era amigo de todos. "Esse negrinho é gente boa".

Ninguém sabia na verdade de onde ele vinha, nem para onde ele ia. Redinaldo passava sempre correndo de pé no chão.

Com um pedaço de meia calça na cabeça e um saco plástico na mão, Redinaldo invadiu o bar do seu Zé em plena manhã de terça-feira e mandou esvaziar o dinheiro do caixa dentro da sacola.

Sem camisa e com o mesmo calção de sempre, o disfarce de Redinaldo era patético. Seu zé achou que era brincadeira, Redinaldo, afinal, sorria. Redinaldo não falava muito. Ele apontava e corria. Aquele dia ele falou "À puta que te pariu, Zé!".

De dentro da sacola Redinaldo saca uma submetralhadora uzi e dispara milhares de tiros contra o rosto do seu Zé. O sorriso sempre no rosto. Os ossos, os olhos.

Correu como uma gazela sem levar o dinheiro. A história grotesca espalhou-se com detalhes ocasionais até chegar aos ouvidos de Dão, ou Nego Dão, o traficante que controlava a Cabrita.

Frente à frente com Dão o sorriso de Redinaldo fez crer uma tranqüilidade de malandro. Mas Redinaldo era um dadaísmo de Deus.

"À puta que te pariu, Dão", respondeu Redinaldo do alto de seu corpo esquelético. Dão e seus amigos gargalhavam.
"Foi isso que tu disse pro zé?"
"À puta que te pariu, Dão", repetiu Redinaldo e Nego Dão achou seus olhos mais arregalados e seu sorriso mais doentio do que o comum, e mal teve tempo de perceber que Redinaldo havia realmente mandado-lhe à puta que pariu, gargalhando em silêncio enquanto puxava o pino das granadas sobre a mesa, uma a uma.

Na explosão daquele dia morreu polícia, cachorro, galinha, traficante, mãe de família e o próprio Redinaldo, uma figura incompreendida graças ao seu peculiar sorriso.

Um maluco, um herói, uma incógnita, um negrinho-bom-que-foi-usado-por-gente-má, o diabo na terra, um santo de umbanda, variavam as opiniões: Era o sorriso que não deixava certeza de nada.

Lola


De quatro ao chão do box do banheiro, a bunda expandida pra cima e a boceta lhe saltando carnuda por trás entre as coxas, enquanto com uma mão ela amacia o seu ânus rosado com dois dedos por entre um exagero de creme condicionador que os faz deslizar tão suavemente para dentro que ela sente absolutamente dor alguma mas intenso prazer delirante, suas tetas pesadas enchem sua outra mão que os empurra contra a linda boca cardioforme de onde projeta-se uma rosácea, longa, sinuosa e sensual língua para encontrar os bicos entumecidos e aureolas inchadas, ora sacudindo-se, ora expandindo-se para os lados esmagados contra o chão frio causando-lhe prazerosa sensação de contraste térmico com seu corpo incandescente, levando-à gozar tão vorazmente que cora-lhe o rosto urrando em transe com sua boceta inchada que expulsa furiosos jatos do mitológico gozo feminino, mais tarde lhe escorrendo quentes pelas pernas roliças e agora frouxas do ato que lhe tomou em vertigem ao chão gelado, enquanto chove a água levando pelo ralo todos os segredos ali vulcanizados.

Shirley

O viadinho saiu correndo com a cara igual a um tomate esmagado. Cinqüenta anos no ramo e as mesmas merdas de sempre, só que eu já não tenho mais paciência nem necessidade de ficar me explicando. Cheguei onde cheguei e me dou ao luxo de falar só o necessário: serve, não serve, tá bom, tá ruim, te-manda-filho-da-puta.

Não sei onde eu tava com a cabeça pra contratar uma bicha. Ou melhor, eu sei, tava com a cabeça (do pau) enfiado no rabo da vagabunda. E que rabo, vale dizer.
É covardia, a puta mexe mais que touro mecânico, o melhor quarto do Brasil, quer dizer, o quarto do motel era uma bosta mas os quartos da potranca, "inenarráveis" (como eu li uma vez numa revista enquanto cagava). Mais troncuda que qualquer zagueiro da terceira divisão colonial argentina.

E olha que eu não sou nenhum marombado de academia. Sou magro, velho, feio e narigudo. Ás vezes eu tô gordo, mas sempre feio, narigudo, e cada dia mais velho. Mas eu tenho personalidade (pau grande). Isso eu não escondo, tenho uma benga de dar medo, mas é no medo que elas ficam molhadinhas e eu viro elas do avesso.

Mulher é bicho engraçado, me dar o rabo pra sair na revista não tem problema, mas tinha vergonha do fotógrafo. Pra agradar aquela munaia aceitei contratar uma bichinha. Tivemos que refazer todas as fotos porque não saiu uma foto que prestasse.

Que bicho infeliz é viado. A vadia queria receber o dobro. "Trabalhei o dobro", ela disse. Passei a vara no cu dela sem lubrificante pra ela ver o que é regatear comigo, tô nessa há muito mais tempo minha filha. Igual a ti eu ja botei várias pra dentro. Mentira, aquela não tinha igual. Mais aí eu penso, e tem mulher igual?
Acho que ela queria mesmo era levar ferro, depois desistiu de pedir o cachê em dobro e fez tudo direitinho. Pensando bem, mulher é tudo igual.

Revista de mulher pelada não tem quem não goste, homem ou mulher. E fotografar é a coisa mais fácil que tem. Ja corri a grito uma centena de artistão querendo enfeitar a cena. Besteira. O pessoal quer VER. Ver o cu, a bunda, a buceta com todos os detalhes. Ver a mulher de quatro, com cara de puta. É isso, é fácil. Cinquenta anos depois eu sei muito bem o que presta e o que não presta.

Bunda tem que ter sempre. E se a vadia não tem bunda eu já digo minha filha, nesse ramo o currículo é a bunda. E pelo visto tu não trouxe a tua. Peitão é legal, mas sem bunda não rola. Só volta aqui quando tiver bunda, tchau. Isso quando eu tava de bom humor. Hoje nem explico mais merda nenhuma. As mais patricinhas eu mando pagar um boquete, elas pensam que tá feito e depois eu digo que elas não preenchem os requisitos da revista. Quando ela faz carinha de choro eu meto dois dedos na bucetinha e com a outra mão pego da garganta e digo olha aqui sua putinha não vem fazer drama no meu escritório, tu veio aqui pra chupar pau, pra revista tu não presta. Te manda. E teve várias que voltaram, só pra levar de novo. Elas gostam, eu também.

Depois que ganhei uma grana montei meu esquema, eu só fico atrás da mesa. Nem sempre é essa putaria, tem dias que é corrido, mando entrar uma por uma, as vezes todas juntas, ficarem peladas na minha frente. Já elimino metade aí, não tenho que perder tempo com putinha meia-boca, ta cheio de potranca na rua. Umas são gostosas mas eu não vou com a cara. Sei lá, tem homem que é gente boa mas tu não vai com a cara dele, tem cara de otário. Mulher também tem isso, umas com cara de "eu sou cheia de opiniões" eu já mando embora. Gosto de puta, cara de vagabunda mesmo, e com sorrisão. Mulher tem que ter sorrisão, tem que dar o cu sorrindo, levar tapa sorrindo, e eu só rindo.

Mas deixa eu te falar do meu negócio. Revista tem que ter impacto e alta rotatividade. Tem coisa que é tiro e queda, por exemplo, mulher molhada. Molhada, ou então bezuntada com azeite, ou numa banheira cheia de leite, tanto faz. O negócio é que sempre que eu botei mulher lambuzada na capa da revista, vendeu pra caralho. Aí é fácil, se a mulher é gostosa, bota ela de quatro, agachada, arregaçada, tá feito, tem impacto. O marmanjo fica babando e 9 em cada 10 compram a revista.

Por isso que eu não gosto de playboy. Folheio aquela merda em 2 minutos e não vejo nada que preste, um desperdício. Os marmanjos pagam um nego e um cachimbo pra comprar a revista, esperando finalmente ver aquilo que eles ficam só imaginando quando a gata aparece na TV, mas que decepção: a revista mostra no máximo a bica dos teto. Se eu encontrasse aquele velho milionário filho da puta dono da playboy eu ia dizer: "your magazine is shit".

E é por isso que eu fico puto com os imbecis que aparecem pra fotografar pra mim. Porra, caralho, o viado pegou a shirley, essa morena dos quartos que eu falei, passou o dia tirando foto, umas duzentas, pra escolher umas dez ou quinze, e nenhuma delas mostrava o rabão com clareza. Só aquela coisa meio de canto, meio escondendo, vai tomar no cu seu viado. Que porra é essa? cade a bunda?

Aí o puto veio com um papo de que "o que não mostra é o que provoca", alguma coisa assim. Não entendi direito mas não gosto de papo de viado. Cheio de língua presa e firulas pra falar comigo, eu nem tava escutando direito porque ele fez uma coisa com o olho e eu não sabia se ele tinha piscado pra mim ou não. Por via das dúvidas, peguei um busto de bronze que tinha em cima da mesa, acho que era o Getúlio Vargas, sei lá de onde saiu aquilo, e enfiei no meio da fuça daquele viado de merda. Nunca mais apareceu.

Depois dessa fiquei louco por um cigarro, mas eu tinha parado de fumar. Entrou a Shirley na sala fazendo um escândalo por causa do viadinho. Como eu falei antes e não expliquei, revista tem que ter alta rotatividade. Isso quer dizer que depois que uma vadia vendeu a revista dela, tenho que arranjar outra e não posso me apegar. Já tinha enchido o saco daquela vagabunda também, e chamei meu parceiro Moisés. Aí Moisés, tem um crivo? já leva essa puta aí contigo. Viu só vadia? te troquei por um cigarro e eu nem fumo!