6.4.06

O vazio é a forma. A forma é o vazio

Quantos existem dentro de mim, eu me pergunto. Um que cria, outro que observa, e apenas eu julgo?

Sou meu objeto de estudo constante. Sou a necessidade humana de dividir, reconfigurar, e ao mesmo tempo, distanciar.

Ao ver meu reflexo, sei quem sou eu, sei que é eu. Não vejo apenas uma imagem da natureza que se apresenta constante, portanto incontestável. Não. Julgo que este à minha frente sou eu. O reflexo existe apenas porque estou em frente do espelho, mas existo também para refletir minha imagem, já que necessito da distância para ser quem eu sou, poder identificar-me, e ser consciente. Ciente comigo mesmo.
E o espelho, é o eu mais puro. Aquele que cria uma dualidade formal do espaço.
Um dos lados julga, enquanto o outro observa. O meio, o espelho, cria e manipula esta virtualidade, este vazio infinito, simulando e gerando tudo aquilo que ainda não é, para que então seja.

Recrio-me a cada instante. Desde que me descobri espelho, tenho desconstruído e descreditado minhas imagens orbitantes, e encontrado caminhos que desvelam o observador como próprio criador. Um ser tão complexo a ponto de que tudo ao meu redor, são extensões de mim mesmo.

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